História:
História:
No tempo em que morou na Tailândia, Pricila Di Tommaso, fundadora da AMISTAR, era voluntária da Missão MAIS e conheceu uma grande comunidade formada por cristãos que sofreram perseguição religiosa nos países de origem e voaram para Bangkok em busca de refúgio.
Lá, idosos, adultos e crianças vivem escondidos, porque — enquanto aguardam pelo processo de serem reconhecidos como refugiados — são considerados imigrantes ilegais e podem ser levados para o Centro de Detenção para Imigrantes, um lugar que ameaça a vida pelas condições extremas.
Confinados em “apartamentos”, na maioria com apenas um cômodo e cozinha improvisada, essas pessoas convivem com níveis altíssimos de estresse e de ansiedade gerados a partir das experiências traumáticas da perseguição, da travessia e da rotina com base no medo de serem presas e deportadas — situações que podem levar à morte. Trata-se, portanto, de uma exposição duradoura a traumas múltiplos, sem qualquer previsão de melhora.
A realidade das crianças refugiadas
Aquela comunidade refugiada em Bangkok vive sob efeitos de estresse crônico, que tem desencadeado e agravado sintomas relacionados à hipertensão, insônia, diabetes, doenças da pele, depressão, transtornos de ansiedade etc., sem mencionar o impacto nas relações familiares e comunitária.
Pricila propôs uma atividade lúdica com as crianças, mostrando-lhes um desenho animado, no qual o personagem principal encontrava um “controle remoto mágico" que fazia desaparecer uma parte do seu corpo dele ou deixava-o completamente invisível. Usar aquele controle permitia ao personagem "pregar peças" nos amigos ou ir a lugares sem ser percebido, tudo de forma leve e muito divertida.
Como se tratavam de crianças que viviam isoladas e escondidas, que não tinham acesso à escola, a serviços básicos de saúde e a atividades de lazer, Pricila percebeu que seria interessante conhecer, a partir da perspectiva das próprias crianças, o quanto aqueles impedimentos vinham impactando a vida delas. Então, após exibir a animação, pediu que as crianças desenhassem o que fariam se encontrassem um controle "mágico" como aquele:
1. Apagariam uma parte do corpo? Por que essa parte?
2. Ficariam invisíveis? Aonde gostariam de ir se não pudessem ser vistas?
Todos os desenhos expressaram como aquelas crianças se sentiam, mas duas figuras chamaram mais atenção:
A maioria das crianças desenhou um avião que voltaria invisível para o seu país de origem ou a levaria a outro país de acolhimento onde pudesse viver em liberdade.
E uma menina que desenhou a si própria, com uma região do seu corpo invisível, na qual que geralmente os medos, angústias, tensões e desesperanças delas são traduzidos em sensações, como dor na barriga, aperto no peito e "nó" na garganta.
Esses sinais apontaram para um grande problema: as crianças estão, silenciosamente, pedindo ajuda.
E como responder a isso?
Ao longo do trabalho que vem fazendo desde 2013 com refugiados, Pricila chegou à conclusão que, dependendo do contexto em que vivam, muitas vezes eles só podem contar consigo mesmos. Esse era o caso daquelas pessoas na Tailândia.
Pricila entendeu que um caminho possível para ajudar aquelas crianças seria fortalecer o vínculo entre elas e os seus pais ou com outros adultos cuidadores.
E com o desejo genuíno de transformar a história dessas relações, nasceu o livro infantil Bondy, o Pássaro Viajante, a cativante história do passarinho que faz parte de uma família de aves migratórias e descobre, acidentalmente, que ela vai deixar o bosque onde moram.
Este livro tornou-se a semente da AMISTAR e é uma ferramenta que pode ser aplicada em todos os lugares onde uma criança estiver.
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